Desde que o mundo é mundo, inúmeras teorias falam de mudanças e podemos citar como exemplo a teoria do Big Bang (Grande Explosão), que através de uma explosão cósmica gerou o universo. Uma tese sobre o planeta terra é a Teoria de Gaia, que afirma que o planeta Terra é um ser vivo, o que explicaria ou justificaria as constantes mudanças no planeta, que muitas vezes advindas das interferências humanas.
No mundo corporativo não é diferente, as organizações e as formas de interação e comercialização vêm se alterando no decorrer dos anos, muitas vezes pautadas em estudos e teorias, praticas ou acadêmicas (surgidas de grandes universidades). Mas vale um parêntese neste momento, pois mudança não significa PARA melhor. A palavra melhoria representa esta busca por uma melhor condição, ou seja, mudar para melhor.
Dentro deste proposito as organizações vem buscando algo novo, e inclusive algumas normas e modelos enfatizam como princípio a melhoria, e comumente é utilizada pelas organizações a palavra japonesa KAIZEN (mudança para melhor) para representar isto.
Há alguns anos estamos trabalhando na busca da melhoria, praticando e auxiliando empresas no pensamento enxuto. Pratica que nasceu com a necessidade de conhecer e aplicar conceitos e ferramentas do Lean Manufacturing (Produção Enxuta), que alguns chamam de Sistema Toyota de Produção, mas que por muito tempo se limitou ao “chão de fábrica” do segmento industrial. Ainda existem alguns paradigmas com relação a aplicação da filosofia lean de forma mais ampla, e esta é uma de nossas bandeiras.
O pensamento enxuto, ou lean thinking, é uma filosofia que pode ser inserida tanto no âmbito empresarial / profissional como no pessoal, e tem por objetivo agregar valor as pessoas através da eliminação de desperdícios. Toda perda e ações que não geram valor são desperdícios, podemos citar como exemplo as esperas em filas e congestionamentos, falta de informação, excesso de estoque, entre outros.
Para gerar novas soluções nós também temos utilizados outros métodos, destacando o Design Thinking e Metodologias Ágeis de Projetos, e citaremos estes novos métodos no decorrer do artigo como meio de integração ao lean.
Ao longo de nossa atuação estivemos aprimorando as comparações de ferramentas e práticas que levam a soluções de problemas complexos, de forma inovadora. Cada conceito / ferramenta traz novas maneiras de se entender as demandas e resolve-las, mas uma ferramenta em especial percebemos que está presente nessas diversas soluções. O ciclo PDCA, ou seja, Plan (Planejar), Do (executar), Check (verificar), Action (Agir ou reagir – a partir do aprendizado – por isso é possível encontrar a variação learning, sendo assim PDCL).
A nossa ficha caiu lendo o livro “Lean Startup” (Startup Enxuta), de Eric Ries. É um livro que recomendamos muito para quem quer empreender e/ou resolver problemas, porque traz as experiências vividas por esse empreendedor e seus estudos sobre o tema empreendedorismo. E aplica conceitos do tradicional lean manufacturing em um ambiente de startup, bem distinto dos encontrados nas empresas centenárias e tradicionais.
Nesse livro, o autor fala sobre MVP (Minimum Viable Product, ou, Produto Mínimo Viável). Um conceito ou uma recomendação de que após o entendimento do problema a ser solucionado, os participantes criem protótipos ou simulações da solução (produto ou serviço), com o objetivo de que o “cliente” tenha acesso rápido à solução. A partir do acesso e testes, o cliente pode gerar feedbacks sobre os pontos fracos e fortes do produto ou serviço a ser entregue.
A recomendação é que o MVP não seja a versão final da solução e sim uma versão que apresente os principais benefícios encontrados. Também é recomendado que não se gaste muito tempo e dinheiro com essas primeiras versões, porque serve para experimentação e aprendizado. Exemplificando esta pratica, poderíamos ter como referência uma empresa desenvolvedora de software, que no decorrer do projeto, faça versões preliminares do programa com apenas alguns recursos, mas, que possibilite a interação com o usuário e obtenção de feedback. Tradicionalmente executamos o projeto até o final, e somente depois verificamos com o cliente se era aquilo que ele necessitava.
No nosso entender, nesse processo está contido o PDCA em sua forma mais prática. Há um entendimento do problema e planejamento da solução, executa-se (faz) um protótipo, entrega ao cliente e confere as melhorias necessárias e traça-se ações a partir dos feedbacks (aprendizado).
Ainda podemos sistematizar os novos métodos de resolução de problemas dentro deste ciclo, de forma que o Design Thinking nos possibilita a exploração do problema e geração de soluções através da imersão, idealização, prototipagem e teste. Tudo isso com muita gestão visual e utilização de blocos coloridos de anotações.
O Lean é o nosso quadro para testar nossas crenças e aprender o caminho para os resultados corretos, principalmente através do MVP. Já as metodologias ágeis é a forma de nos adaptamos às mudanças das demandas. O escopo é flexível em função de cada nova entrega do projeto e ajustado em função dos feedback das partes interessadas.
Por experiência podemos afirmar que as metodologias se complementam, e a opção não é mais decidir pelo OU, e sim, utilizar a estratégia E. Ou seja, Design Thinking + Lean + Métodos Ágeis + E outros métodos que possam gerar valor. O Lean Startup é um pouquinho desta junção, que tem o ser humano como foco principal.
E não há certo ou errado, mas a possibilidade de acertar na entrega final do produto ou serviço é aumentada quando os clientes percebem rapidamente o valor (ou não) da solução para seus problemas e interagem para melhorias.
É um processo de co-criação de valor que reduz o tempo de lançamentos ao mercado (time-to-market) e aumenta a assertividade em relação à solução.
Artigo escrito por (originalmente publicado no administradores.com):
Leonardo Ferreira – Confraria Corporativa
Julio César Costa – Think Market
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